Como o marketing da Coca-Cola transformou refrigerante em felicidade engarrafada
Quando você pensa em “felicidade”, o que vem primeiro: um momento com amigos ou uma garrafa vermelha com o nome Coca-Cola?
A conexão entre refrigerante e emoção não é coincidência. Ela é o resultado de uma das estratégias de comunicação mais bem construídas da história do marketing. O marketing da Coca-Cola é uma aula viva sobre como uma marca pode transcender produto e virar sentimento.
O marketing da Coca-Cola começa pelo emocional
Desde o começo do século XX, a Coca-Cola não vendia apenas refrigerante: ela vendia uma ideia. Em 1929, durante a Grande Depressão nos Estados Unidos, a marca reforçava mensagens otimistas em seus cartazes, mesmo quando o cenário era de caos econômico.
Nas décadas seguintes, o marketing da Coca-Cola evoluiu para algo que ia muito além da propaganda tradicional. Em 1971, por exemplo, a campanha “I’d Like to Buy the World a Coke” levou a marca para o imaginário coletivo global como um símbolo de união e paz. Essa campanha foi um marco não só pela mensagem, mas também pela música, que ficou eternizada como hino de uma geração. Ela demonstrou o poder de unir produto e emoção em um mesmo discurso.
A felicidade como produto: o posicionamento perfeito
Nos anos 2000, a Coca-Cola consolidou de vez seu discurso emocional com o slogan “Open Happiness” (Abra a felicidade). Esse foi um marco para o marketing da Coca-Cola porque tirou o foco do produto e colocou no sentimento que ele poderia gerar.
Mais do que vender bebida, o marketing da Coca-Cola passou a vender um estado de espírito. Isso incluía músicas com tom de celebração, campanhas com crianças sorrindo, amigos brindando e aquele famoso Papai Noel da Coca em dezembro, que virou tradição.
Outro exemplo emblemático dessa abordagem foi a campanha “Compartilhe uma Coca-Cola com…” (Share a Coke), lançada em 2011 na Austrália e expandida para mais de 80 países. A ação permitia que os consumidores encontrassem garrafas com seus nomes ou de amigos, transformando o ato de beber refrigerante em um gesto de afeto.
A consistência visual e sonora da marca
Outro pilar forte do marketing da Coca-Cola é a consistência. O vermelho vibrante, a tipografia cursiva, o som da garrafa sendo aberta e o borbulhar do refrigerante estão sempre presentes. Esses elementos geram reconhecimento instantâneo e ativam emoções automáticas no consumidor.
Pesquisas em neurociência de consumo apontam que marcas que conseguem ativar os sentidos de forma consistente têm mais memorizabilidade e criação de vínculo emocional. A Coca-Cola é um exemplo clássico desse conceito (Harvard Business Review).
Além disso, essa consistência é reforçada em todos os pontos de contato com o consumidor: desde comerciais de TV até campanhas digitais, eventos patrocinados e ativações em pontos de venda. O consumidor reconhece a marca de longe, e isso é fruto de uma estratégia de branding extremamente bem executada.
O marketing da Coca-Cola como cultura pop
O marketing da Coca-Cola atravessou o tempo e se encaixou em culturas diversas. Está presente em cenas icônicas de filmes, em músicas, em comerciais que marcaram épocas. Virou parte da identidade natalina ocidental e é tema de estudos de comportamento de consumo.
Ela foi uma das primeiras marcas a usar influenciadores (mesmo antes do termo existir), patrocinar Jogos Olímpicos e se reinventar digitalmente com memes, tweets e desafios nas redes.
No Brasil, por exemplo, a Coca-Cola investiu em campanhas que falavam diretamente com o estilo de vida do brasileiro. Comerciais como “Essa Coca é Fanta” subverteram uma frase pejorativa e a transformaram em um ato de orgulho e inclusão, mostrando como a marca soube ler o momento cultural e se posicionar de forma assertiva.
Coca-Cola e as novas gerações: marketing que se adapta
Apesar de ser uma das marcas mais antigas do mundo, a Coca-Cola continua relevante entre os mais jovens. Isso acontece porque a marca não apenas repete fórmulas antigas, mas se reinventa para dialogar com novos públicos. Campanhas nas redes sociais, parcerias com influenciadores digitais, ativações no TikTok, e o uso de realidade aumentada em embalagens mostram que o marketing da Coca-Cola está sempre se adaptando às tendências.
A edição limitada de embalagens com letras de músicas, ou versões com sabores diferenciados e futuristas como a Coca-Cola Starlight, são exemplos de como a marca consegue ser tradicional e inovadora ao mesmo tempo.

Quando a estratégia vira legado
Mais do que uma marca de refrigerante, a Coca-Cola é um case de como transformar produto em experiência, e experiência em legado emocional. Isso não se constrói do dia pra noite. É resultado de uma estratégia alinhada, investimento em storytelling e foco absoluto na percepção do consumidor.
O marketing da Coca-Cola é, essencialmente, sobre como fazer você sorrir antes mesmo de abrir a garrafa. Uma felicidade que vem embalada com borbulhas, memórias e boas histórias.
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